sábado, 10 de outubro de 2009

A ORELHA DE VAN GOGH

O que ele sabia era sua coleção de selos. O que ele sabia ele falava. E falava sobre qualquer assunto. Mas falava pouco. Se o assunto era política, falava uma frase de efeito de Noam Chomsky. Sobre Bush, ou sobre Obama, não importava. O importante era o efeito da frase. Futebol? Ainda era o ópio do povo. Povo? A frase de Max Weber ainda era imbatível. Às vezes trocava nomes. Dizia Henri Rousseau. Depois ficava repetindo baixinho, para si, Henri... Henri... Devagar repetia várias vezes a frase e, como coda, o autor, Henri, Henri... Até lembrar-se. E admitir, para si, que a memória já não era a mesma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário