quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

sem a morte saudade seria só para amadores

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Mameluco a ler Camus

diante da ferrugem
de impossível sorte
ser ferido ruge
não encontra o norte
nem bravo nem forte
dá à carne túrgida
da lâmina o corte

domingo, 20 de dezembro de 2009

Ontem é sempre bom.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Deus é épico!

domingo, 6 de dezembro de 2009

novembro de 2007

RAÇA AMOR & PAIXÃO‏


Entre bocejos o campeonato se arrastava como um filme de Abbas Kiarostami. O Sampaulo punha em evidência uma tediosa proposta búlgara; os demais nem proposta tinham, ou por outra: houvesse alguma era igualar o futebol à atual literatura brasileira. E eis que surgem os rubronegros feito cristãos primevos de imemoriais cavernas da paixão a repetir com o corisco de um dos melhores filmes já realizados, "mais fortes são os poderes do povo". Erguem-se e o time frágil erguem-no, conferindo-lhe força, fúria e ao campeonato o adequado tom épico. O Maracanã foi tingido de vermelho-e-preto e o time coberto com o inexpugnável manto. Sob a égide da torcida o time desaprendeu de perder - jogo após jogo a empurrar o time pra frente, fazendo-o levitar em ondas sonoras, canções baratas, rimas paupérrimas, emoção sem paralelo, paixão sem medida; jogo após jogo, recorde de público um após o outro, o time a avançar no campo e na tabela: furou a retranca búlgaro-sampaulina e deu lesa no tricolor gaúcho, passou com 9 jogadores por cima do tricolor vizinho e com 10 virou em cima do vizinho suburbano, fez dobradinha com os 2 de Minas e picadinho de outros. No domingo passado o Ibson insistia em passar a bola pro Juan e o Juan insistia em jogar a bola na área - o que justificava a italiana do meu lado dar as costas pro jogo e acompanhar (olhão e riso arregalados) a festa que a envolvia. Quando completou a lúdica linha de passe a cabeçada do Souza jogou nos meus braços a italiana (pele com gosto de queijo de Parma) e o negão ali do lado resolveu erguer todo mundo ao seu redor num raio de 4 metros. A italiana, ainda nos meus braços, deliciosa feito um molho da Bologna, repetia Gonçalves Dias. Lambi outra vez a italiana e tentando aterrizar dei cotovelada no fígado do negão. A essa altura tanto a italiana ("ho visto! ho visto!") quanto o negão (o "tu és" talvez lhe tenha deslocado de forma irremiediável o maxilar) já eram parte do coro magnífico de 90 mil vozes. O que houve depois é matéria da qual são feitos os sonhos e toda palavra, adorno desnecessário.