quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

QUINTA

A quinta, com seu desenho rítmico de três notas curtas e uma longa, como a mimetizar o passo mítico do jogo do amor, anuncia, zero de pompa, 37,85% circunstância, a magnífica aurora de outro dia. Quinta à vista, em que nada é plácido, ou garrido, sem métrica, nenhuma rima, tudo urgência e movimento, tudo parto, tudo bote, um país só de esquinas. O dia diante do moleque, o dia um leque de experimentações. A sede, já em si sediciosa, de jackdaniels me persegue o dia feito velha canção cuja melodia sozinha se arma nos lábios e, seduzidos, se deixam soprar. Sopro forte. Como se a quinta fosse em Sintra e descobrimento, que invertendo a mão, fosse Europa adentro. A tampa da manhã se fecha com nenhum ah, nenhum oh, uma porção de ueba. A tarde é árdua como convém a quem ama. E dura um instante. A noite surge enfeitada de estrelinhas que nem festa de São João. Convite à dança. Anarriê! A quinta vai, eu fico, que ficar, se não preciso, é o traje caipira que bem nos cabe.

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