sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

OVOS COM PURÊ

Ovos. Sempre plural. Não há receita que diga simplesmente um ovo, “pegue um ovo e...”, não há. Ovo é sempre no plural, “pegue os ovos e agora...”. Então, faça isto, pegue – com cuidado, mas não com tanto cuidado que subtraia o prazer de pegar, entende? uma receita deve sempre deixar margem a improvisações e a idiossincrasias – pegue os ovos, ei, mas não é para ficar só pegando, é preciso fazer alguma coisa com eles, então saia da cama e vá para a cozinha, evidente: leve com você os ovos. Na cozinha, certifique-se se tem batatas. Tem, claro: você é uma vencedora. Sem soltar os ovos, descasque as batatas. Existe uma máquina que faz isso num piscar de olhos. Não tem aí? Sem problema, pegue-a com a vizinha. A vizinha não pode emprestar pq ela tbm está segurando os ovos? Não se desespere. Coloque as batatas para assar. Assadas, a pele sai facilmente. Não a sua, claro, a das batatas; a sua é uma outra receita. Ainda com os ovos na mão? Ótimo, não é? Agora amasse as batatas. Como? Com quê? Qualquer coisa serve, e na ausência de qualquer coisa sente-se sobre elas. Amasse-as bem. Ahm? Pode sim, bem pode ser tanto substantivo quanto advérbio. Está difícil chegar ao ponto do purê? Chame, então, uma amiga. Não, não importa que amiga, desde que seja da sua comunidade no orkut. Não deixe ela pegar os seus ovos, peça-lhe para trazer os dela. Ria muito com ela, faça piadas, quanto mais grossas as piadas melhor sairá o purê. Deixe o telefone tocar, há coisas mais interessantes na vida do que atender telefone. Ah, claro, pode ser o dono dos ovos – mas repara: há alguma coisa mais excitante que deixar de atender o dono dos ovos e rir disso e dele com a amiga? De mais a mais, o mercado é na esquina, ovos é o que não falta. Pense um pouco em você e, claro, sem largar os ovos.







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