domingo, 30 de agosto de 2009

MEU IAIÁ, MEU IOIÔ

Sexo é padecimento. Sofre-se ereção, ereções. Ereção é uma doença consumptiva. Sófocles aos oitenta agradece aos deuses a libertação enfim do encargo. Sexo é a carne liberta da razão, febre delirante, paixão, esta gloriosa doença. Cláudia nas areias do Leme, Liliane numa escada em Botafogo, Joana num táxi a caminho do cinema, Tereza no terraço, Solange na Praça General Osório enquanto a noite e a calcinha caiam ao som bêbado da banda de Ipanema. O moreno de Estela, as sardas de Adalgisa. Adolescência é seiva, festa à qual Tânatos não é convidado, mas repara: Tânatos é ótimo penetra, Romeu na festa de Julieta. A boutade de Benjamin Jowett menos que conselho a adolescentes devesse ser lema e leme. Never apologise, never explain. Nada de desculpa, nem de explicação. Sabor, cheiro, contato, corpo é matéria objetiva, linhas, formas, volume, voz, sons. Sexo é êxtase e estase, sair de si, perder a cabeça. O bardo da Avon diz pela boca de Frei Lourenço que young men’s love then lies not truly in their hearts, but in their eyes. Sexo é sempre jovem. Última trilha do instinto. As coxas e o entrecoxas, o lombo em brasa, os hirtos contornos. Sexo é hino, perfilar-se é preciso. Toda mulher é vedete, todo homem um anjo torto.

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